quinta-feira, 22 de maio de 2008
Árvores de pedra
Dafne, para escapar do assédio de Apolo, transforma-se em loureiro
(pormenor da estátua Apolo e Dafne de Gian Lorenzo Bernini: 1622-1625).
“Que tenho a força de sumir também” (Mário de Sá-Carneiro)
Semear na areia (Antecipação da praia)
Na orla salgada
Um pêndulo pasmado
Nem voo, nem asa
Apenas ar queimado
Desfio nos dedos
O sargaço do tempo
E acendo um cigarro
Nas barbas do sol
Com a alma a tossir
Deixo-me marinar
Num caldo de cinzas
Com búzios a boiar
Vultos sem sombra
Nadam em pó
Com óculos escuros
E mamilos míopes
Corpo quebrado
Semeio seixos na areia
À espera que cresçam
Árvores de pedra
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